Entrevista - Evandro Ribeiro, autor de "Não deixe o sol brilhar em mim"

Olá, meus amores! como vocês estão?

Bem , eu estou super feliz com a entrevista de hoje. Há tempos que eu quero ler o livro do Evandro Ribeiro,"Não deixe o sol brilhar em mim", porém com a super lotação na minha agenda não tive tempo, e ainda não tenho o livro, sendo assim, vou esperar mais um tempinho. Enquanto isso, vamos conferir a entrevista que fiz com ele!

"Ninguém pode ser um bom escritor sem ter sido antes um ótimo leitor" - Evandro Ribeiro.

Moana: Fiquei muito feliz por você concordar em fazer a entrevista, obrigada! Então, conte-me mais sobre o seu livro, Não deixe o sol brilhar em mim.

Evandro: Conta a história de Dennis um garoto de 14 anos que sai de João Pessoa na Paraíba e vai morar na casa do tio em Santo André no ABC paulista. Chegando lá sua vida até então tranquila, dá uma guinada de 180 graus e ele percebe que  nada vai ser fácil para ele dali em diante.  Se sentindo solitário e sem amigos, sem nada para fazer, ele passa a ficar mas tempo fora de casa perambulando pelas ruas e numa dessas  incursões conhece Valquíria, uma linda e estranha garota das redondezas.  Em pouco tempo passam a ser amigos e cúmplices, impulsionados pela solidão que ambos vivenciam.  Dennis e Valquíria são pré-adolescentes e não conhecem nada da vida e juntos vão descobrir os anseios da adolescência,  o primeiro amor,  o primeiro beijo, a primeira vez. Mas Valquíria tem um segredo terrível, ela é uma vampira que precisa de sangue humano para sobreviver.

Escrevi essa história depois de assistir ao filme “Deixa ela entrar”, entretanto, usei apenas o tema dele, o encontro de um garoto com uma menina vampiro.  A história é totalmente original baseada em fatos da minha infância passada em Santo André. Usei acontecimentos passados a minha volta, minhas reminiscências da época para contar essa história de amor sobrenatural que segue um contexto totalmente diferente do filme. Estou comentando  isso porque algumas pessoas  lembravam do filme de pois de ler a sinopse do livro, esta história é totalmente diferente e não tem nada a ver com o filme , nenhuma linha de texto, nenhuma cena , nada.  Também não é uma história “água com açucar”,  nem um  romance meloso, aqui as coisas acontecem .

Moana: Você sempre quis ser escritor? 

Evandro: Na verdade, nunca pensei que um dia realmente escreveria um livro e ele seria publicado.

Moana: Quando você começou a escrever? Foi de repente ou você pensou bastante sobre o assunto?

Evandro: Eu sempre escrevi, mas eram só bobagens, nada importante. Nunca pensei seriamente que um dia seria escritor, isso tudo ainda é muito novo para mim.  Se a maioria dos escritores  tinham dentro de si desde sempre o desejo de um dia escrever alguma coisa, publicar  e batalhou por isso, comigo isso não aconteceu. Nunca pensei no assunto seriamente e portanto não me preparei, o que e´uma pena. É muito melhor quando a pessoa se prepara e adquire bagagem para algo que deseja fazer, as coisas caminham com mais firmeza e estabilidade por se ter uma base mais sólida. Já no meu caso, tenho que correr atrás do prejuízo.

Moana: No momento, você está escrevendo algum novo livro?

Evandro: Ainda não estou escrevendo nada. Tenho alguns projetos em mente e até comecei a pensar em fazer uma continuação de Não Deixe o Sol Brilhar em Mim, porque tenho recebido muitos pedidos, mas ainda não decidi nada e vou esperar mais pessoas lerem e depois decidirei.

Moana: Quanto tempo você levou para escrever, Não deixe o sol brilhar em mim?

Evandro: Levei exatamente 10 meses, mas esse foi meu primeiro livro e não tinha exatamente noção de como fazer. Perdi muito tempo com revisões, praticamente mais da metade do tempo passei revisando, da proxima vez não quero perder tanto tempo assim. O problema nesse caso é que quando vou fazer a revisão do texto acabo revisando a história e isso vira um ciclo vicioso irritante, acho que quem escreve entende o que quero dizer. Agora com um pouco mais de experiência pretendo escrever de uma forma mais ordenada e com isso economizar mais tempo.

Moana: Qual a sua fonte de inspiração para escrever?

Evandro: Eu, como a maioria dos iniciantes em qualquer atividade que seja, não sabia exatamente por onde começar. Quando comecei a escrever Não Deixe o Sol Brilhar em Mim, tinha apenas a ideia de que gostaria de escrever uma história de vampiros, mas não tinha esboçado nem as personagens nem a história, foi então que comecei a escrever a respeito de coisas que aconteceram comigo e dái a inspiração começou a aparecer. Escrevo sobre coisas que sei, Dennis é um garoto como fui no passado, então comecei a lembrar de fatos  que aconteceram a minha volta naquela época da minha vida. Não estou falando aqui sobre a história em si, e sim sobre pequenos acontecimentos do dia a dia, uma conversa aqui, uma sensação sobre um determinado acontecimento ali, etc... Então para mim, funciona dessa maneira:  Penso em uma cena que pretendo escrever e depois tento me recordar de alguma ocasião em que passei por uma situação parecida ou como eu me sairia em determinada situação se tivesse acontecido comigo. Já a história como um todo é como um quebra-cabeça , escrevo um trecho e depois fico imaginando em que parte ela se encaixa, se é uma parte dos cantos, do meio, etc..

Moana: Qual o seu maior sonho?

Evandro: Um dia poder escrever em tempo integral.

Moana: Qual foi a sensação de ter seu livro publicado?

Evandro: Não sei explicar essa sensação, porque eu não tinha nenhuma expectativa de que meu livro fosse publicado. Publicar um livro no Brasil ou em qualquer outro lugar é uma coisa estafante, isso se deve ao fato de um autor iniciante não ser em 99% dos casos  uma fonte segura de retorno financeiro para editora que é um a empresa, e empresas visam lucros. É muito mais fácil investir no retorno líquido e certo, nesse caso diga-se  escritores estrangeiros já conceituados no mercado. Eu desde o início decidi  fazer meu livro de forma independente e ir oferecendo aos amigos e conhecidos e também vender por demanda. Enviei meu trabalho depois de concluído apenas parauma editora que trabalha nesses moldes, e das editoras convencionais apenas fiz um contato  experimental, mas nem cheguei a enviar meu trabalho para avaliação. Foi quando ouvi falar da editora Dracaena em uma entrevista da escritora Kézia Lobo que publicou seu livro “Coração de Salatiel” pela Dracaena. Entrei em contato e logo fechamos negócio e o livro está aí. Agora, a sensação maior foi ter meu livro em mãos, e isso foi um processo demorado, pois além de tudo, moro no Japão e ter meu livro publicado no Brasil tem vários inconvenientes por causa da distância.

Moana: Falando em inconveniência, qual é a pior?

Evandro: A primeiro delas é a demora para receber o livro aqui, outro é não poder fazer uma dedicatória para cada pessoa aí do Brasil que me pede, pois trazer o livro para cá e depois enviá-lo ao Brasil de volta faz com que custe 5 vezes o valor normal, o que é uma coisa impraticável, só sendo possível  em casos especiais. Outro ponto é que não posso participar de vários eventos no Brasil para divulgar meu livro.

Moana: Que conselho você daria para quem quer ser escritor?

Evandro: Se você já decidiu se tornar um escritor, então não perca tempo e invista nesse sonho. Faça todos os cursos que estiverem ao seu alcance, se está em fase pré- universidade escolha um curso que tenha tudo a ver com sua pretensão.  Se informe de todas as maneiras possíveis e imagináveis,  hoje em dia com a internet existe muito mais facilidade.

Se já tem um estilo definido, procure ver o que os outros escritores que seguem a mesma linha que você escolheu estão fazendo.  Procure cursos que ensinem técnicas de construção de cenas, diálogos, etc... Escreva bastante e leia muito, ninguém pode ser um bom escritor sem ter sido antes um ótimo leitor. Eu, como já falei no início da entrevista, não decidi ser escritor, aconteceu por acaso e por causa disso tenho que correr atrás do tempo perdido. Mas sempre fui um ótimo leitor, não me lembro de um único dia na minha vida em que não estivesse lendo alguma coisa. Então não perca tempo, leia, estude e escreva, esse é o meu conselho.

Moana: E por fim, deixe um recado para os visitantes do blog.

Evandro: Gostaria de agradecer a todos que estão me dando apoio, seja lendo o livro ou participando do meu blog. Sempre ouvi dizer que o Brasil era um país de pessoas que não gostam de ler, mas acho que esse quadro está mudando, isso é visível pela quantidade de blogs literários que existem e é uma coisa muito boa. Em sua coluna no blog da globo.com de 11 de abril de 2009, Nelson Mota fala sobre o fato de um livro de história, o 1808 de Laurentino Gomes,  ter vendido 500 mil exemplares, muito acima do que vendeu um cd de música popular  de sucesso na mesma época.  Isso é mais um exemplo de que as coisas estão mudando, mas ainda ainda tem muito chão pela frente a ser percorrido, vamos divulgar mais e mais a literatura e principalmente a literatura nacional. Gostaria de agradecer mais uma vez a todos, muito obrigado.

Bom, meus amores é isso, espero que tenham gostado. E Evandro, muito obrigada pela entrevista, sei que sua agenda é muito cheia, desejo mais sucesso para você e continue sendo essa pessoa tão atenciosa com seus leitores! Obrigada!